Jornada do Alumbramento de Apollo – Penna Prearo
Reunião de séries da última década de Penna Prearo vira fotolivro, pela editora Madalena
Com edição de Claudia Jaguaribe, retrospectiva marca estilo performático, minimalista e pop do fotógrafo, que assina também os poemas que costuram toda a obra.
A fotografia conta histórias / com ou sem passado. / Quando isso fica impossível / a fotografia re-inventa. O poema que abre a série GRANDE AQUÁRIO para Pequenos Tubarões, a primeira do fotolivro Jornada do Alumbramento de Apollo, é de Penna Prearo, autor das fotografias e poesias que recheiam a obra. Ela diz muito sobre ele, diz sobre “ser performático na fotografia muito antes de isso virar tendência”, como diz Claudia Jaguaribe, responsável pela edição.
Ao todo 19 séries fotográficas foram reunidas a partir da idealização de Agnaldo Farias, que assina o texto de apresentação do livro, com o objetivo
de resgatar o trabalho feito nos últimos dez anos pelo artista. O título, extraído do ensaio Jornada do Alumbramento de Apollo, diz respeito à
capacidade que o artista tem de trabalhar imagens, expandi-las, processálas, a partir de suas peregrinações que acabam combinando a imagem de um pato ao lado de um busto greco-romano, por exemplo, “ambos flutuando na água pútrida e limosa de uma piscina abandonada, que é uma síntese. Mas o mistério do mundo depende mais de como se olha do que o que se olha, constatação que se afigura como a pedra de toque da poética de Penna”, diz Agnaldo em seu texto.
Para esta edição, Claudia Jaguaribe procurou conjuntos de diversas séries que conversassem entre si. “O trabalho do Penna é tão denso que ele
precisa de um espaço minimalista para ser compreendido, quase como se construíssemos um espaço de silêncio e concentração para conseguir olhar com cuidado a diversidade que ele tem”, conta Claudia. Entre as referências usadas por ela estão os livros japoneses, obras em que a imagem ganha um caráter quase onírico de mistério. “É um dos livros mais bonitos que fizemos na editora Madalena”, completa.
No que diz respeito às cores, o fotolivro é uma explosão, “cores ostensivamente artificiais, berrantes, ácidas, como as que compõem a série
Vida em Marte, totalmente incompatíveis com o mundo natural, como se ainda houvesse mundo natural, como se hoje a hipocrisia naturalística dos refrigerantes propalando sua mentirosa identidade com frutas, fosse abandonada de vez pelas cores escandalosas dos isotônicos bebidos nas